Palavras-chave: Estudantes de medicina, Discriminação, Educação médica.
Um estudo recente conduzido nos Estados Unidos pela “Association of American Medical Colleges (AAMC)” e publicado no “JAMA pediatrics”, constatou que estudantes de medicina que relatam ter sido maltratados ou discriminados são muito mais propensos a abandonar a faculdade.
De
acordo ainda com o estudo, estudantes de
medicina pretos têm muito mais probabilidade de relatar discriminação e
maus-tratos na sala de aula; o que pode
levá-los a deixar o curso.
O
estudo incluiu quase 20.000 estudantes que iniciaram a faculdade de medicina em
2014 e 2015 e que completaram uma pesquisa administrada pela AAMC aos
estudantes de medicina do segundo ano.
Eles
foram questionados sobre casos de maus-tratos e discriminação por parte dos
professores, funcionários e outros estudantes, incluindo humilhação pública,
danos físicos ou ameaças, ou oportunidades negadas; recebimento de notas mais
baixas ou avaliações; ou experiências com observações ofensivas baseadas em
raça, etnia ou gênero.
O
estudo constatou que aqueles que não relataram maus-tratos tiveram índices desgaste
de 1,2%, enquanto que os estudantes que relataram experiências recorrentes
(duas ou mais experiências) de maus-tratos tiveram índices desgaste de 4,1%. Os
estudantes que relataram experiências recorrentes de discriminação tiveram
índices desgaste 1,9% em comparação com 1,3% para estudantes que não relataram
nenhuma discriminação.
Os
autores disseram que seu estudo provavelmente subestimou as verdadeiras taxas
de desgaste para estudantes pretos porque esses estudantes tinham menos
probabilidade de preencher a pesquisa da AAMC e também tinham mais
probabilidade de ter saído da faculdade de medicina antes de completar dois
anos. (No estudo, os grupos subrepresentados incluíam estudantes que eram pretos, hispânicos, nativos americanos, nativos do Alasca, havaianos e das
Ilhas do Pacífico).
“A
descoberta não me surpreendeu, honestamente, com base no que vi e ouvi”, disse
a autora principal do estudo Dra. Mytien Nguyen, que é vietnamita e preta; americana de primeira
geração e de uma família de baixa renda. Nguyen disse que estava motivada a
conduzir o estudo para determinar a razão de tantos estudantes pretos estarem saindo da
faculdade de medicina ou tirando licenças de ausência. Maus-tratos e discriminação,
disse ela, “apenas complica a questão quando você começa a se perguntar: a
medicina é a carreira certa para mim?”
Muitos
lideranças da educação médica americana estão procurando tornar a profissão
mais representativa da demografia da nação. Este novo estudo sugere que o enfoque
apenas na diversificação das matrículas
para as faculdade de medicina nos EUA,
pode ser muito limitado para enfrentar a contínua falta de diversidade na
prática médica.
A questão, portanto, não é apenas abordar os caminhos limitados para aqueles que foram historicamente excluídos do acesso ao curso de medicina, mas também permitir que eles possam progredir academicamente evitando o abandono.
Infelizmente no Brasil ainda precisamos melhorar muito a primeira fase do processo que é permitir um acesso mais igualitário às vagas existentes.
Referências
1-https://www.statnews.com/2022/05/31/medical-school-mistreatment-leads-students-to-leave/?utm_source=STAT+Newsletters&utm_campaign=b034f71397-Daily_Recap&utm_medium=email&utm_term=0_8cab1d7961-b034f71397-151224477
2-https://jamanetwork.com/journals/jamapediatrics/article-abstract/2792735?guestAccessKey=2f195441-e9cf-49f5-8d8a-55b2b0def92b&utm_source=For_The_Media&utm_medium=referral&utm_campaign=ftm_links&utm_content=tfl&utm_term=053122
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