Palavras-Chave:
aprendizagem, modo focado, modo difuso.
Nós sempre
tivemos o conceito de que a melhor forma de aprender é mantendo o foco,
prestando atenção. É muito fácil nos distrairmos quando precisamos focar em
algo, especialmente com leituras e estudo.
Mas se
distrair perdendo o foco é uma péssima coisa para a aprendizagem, certo?
Não
necessariamente.
Muitas vezes
precisamos “perder a concentração”, para poder pensar melhor. Não todo o tempo,
obviamente, mas pode ajudar quando estiver aprendendo ou resolvendo problemas.
Algumas vezes precisamos de menos foco para aprender melhor.
Os
neurocientistas descobriram que o nosso cérebro trabalha de duas formas
diferentes: focada e difusa. Quando estamos
usando a forma focada, significa que estamos prestando atenção. Colocamos
partes específicas do cérebro para trabalhar. Fazemos isso quando tentamos
resolver um problema de matemática, prestamos atenção em uma aula, estamos
aprendendo palavras de uma língua nova ou até mesmo estivermos jogando um
videogame ou resolvendo um quebra-cabeças.
Para aprender algo novo deve-se
primeiro focar propositadamente para ativar certas partes do cérebro e dar
início ao processo de aprendizagem.
E em relação
à forma difusa?
Na forma difusa
nosso cérebro está relaxado e livre. Não está se pensando em nada em
particular. Estamos assim quando estamos “sonhando acordados” ou rabiscando
algo em um papel à toa. Se alguém diz: “preste atenção” provavelmente você
passou para o estado “difuso” sem perceber.
No modo
difuso, passamos a usar outras partes do cérebro que são diferentes das do modo
focado. A forma difusa ajuda a fazer conexões criativas entre as ideias.
Geralmente a criatividade aflora no modo difuso.
Para aprender
de maneira efetiva, nosso cérebro necessita fazer alternâncias entre os modos
focado e difuso. No primeiro pensamos nos “detalhes” e no segundo pensamos mais
livremente no “quadro geral”. Mas o cérebro não pode estar nos dois modos ao
mesmo tempo e sim em apenas em uma das formas de cada vez.
Entrar no
modo focado é fácil. Entretanto é difícil mantermos nossa atenção em algo por
longos períodos de tempo e quando percebemos caímos no modo difuso e começamos
a “sonhar acordados”. Podemos entrar no modo difuso ao não nos concentrarmos em
nada específico. Por exemplo: ao Fazer uma caminhada, olhar pela janela, tomar
um banho, dar um cochilo, etc. Ao focar em algo diferente do que estamos
fazendo, também permite que entremos no modo difuso em relação à atividade
inicial. Assim, se estivermos “enroscados” na resolução de um problema seria
melhor darmos um tempo e focarmos em outro, para depois retornar ao inicial. Ou
seja, se estamos estudando algo e ficarmos “presos” no assunto podemos mudar e
estudar um tópico diferente.
Dessa forma,
podemos usar o modo difuso (dormir, fazer exercícios, dar uma volta de carro)
para “dar um tempo” e retornarmos depois para o modo focado, e permitir que que
as soluções apareçam ou tenhamos maior retenção de conhecimento nos estudos. No
modo difuso o cérebro continua trabalhando na aprendizagem silenciosamente,
embora não tenhamos consciência disso. Mas para o modo difuso nos ajudar a
reter conhecimento devemos ter passado pelo modo focado de maneira adequada
antes.
Importante
dizer que a duração dos intervalos de modo difuso depende de quanto material
tivermos para estudo no dia. O ideal é que os intervalos não sejam muito longos
(ao redor de 5 a 10 minutos). Assim, após um período de trabalho concentrado
(de pelo menos 10 a 15 minutos) devemos mudar para um período de modo difuso, o
que permite uma maior possibilidade de retenção. Repetimos esse ciclo várias
vezes para resultados melhores.
As
atividades feitas para ativarmos o modo difuso em nossos cérebros, podem ser
vistas como recompensa após os períodos de foco. Outros exemplos de ativadores
de modo difuso: dançar, andar de bicicleta, desenhar, pintar, ouvir música
(preferencialmente sem as letras), tocar um instrumento musical, meditar, orar,
dormir (o mais clássico), jogar videogame, conversar com amigos, ajudar alguém
em alguma outra atividade, ler um trecho de um livro, trocar mensagens com amigos,
assistir um filme ou parte dele, ver televisão.
Em próximas
postagens abordaremos as formas de usar bem o modo difuso e evitarmos a
procrastinação (adiar demais o trabalho a ser feito).
Pronto para
treinar seu cérebro a alternar entre a forma focada e difusa?
Fonte: OAKLEY, Barbara. A Mind for Numbers: How to Excel at Math and Science. 1. ed. New York: Penguin Group, 2014. 322 p.
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