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As caras drogas contra o câncer e o dinheiro pago pela indústria farmacêutica.

Palavras-Chave: tratamento, câncer, indústria farmacêutica.

Os medicamentos contra o câncer nos Estados Unidos, apresentam preços elevados e muitas vezes tornam os tratamentos insustentáveis. Estima-se que os custos cheguem a mais de 100 mil dólares por ano por um tratamento realizado de maneira rotineira. Acontece que muitas das caras drogas antineoplásicas usadas mostram pequenos benefícios em termos de sobrevida, levando a um aumento de apenas 2,1 meses de vida.
Em um artigo recente, o Dr Vinay Prasad, um Hemato-Oncologista americano, que apresenta atuação acadêmica relevante na Universidade do Oregon (com vários artigos e livros publicados); chama atenção para vários aspectos distorcidos no uso de medicamentos antineoplásicos.
O Dr Prasad aponta que um dos problemas para as drogas anticancerígenas terem um preço tão elevado é o fato de que muitos médicos considerados “experts” acabam influenciando o uso desses medicamentos, inclusive com finalidades que não foram aprovadas para sua utilização (o uso conhecido como “off label”). A influência dos “experts” ocorre porque muitos escrevem editoriais em revistas científicas importantes, ministram conferências em congressos de especialistas e acabam por fornecer evidências (muitas vezes fracas) para o uso “off label” de certas drogas.
Segundo ainda o Dr Prasad, um estudo constatou que 85% dos especialistas que redigem as recomendações ou guidelines rotineiramente usadas em oncologia, receberam pagamentos em média de mais de 10.000 dólares da indústria farmacêutica. Os médicos que recebem dinheiro da indústria farmacêutica tendem a usar mais as drogas da companhia que os pagou.
Triste verdade. E estamos falando de Estados Unidos. Obviamente que as empresas fabricantes ao gastarem com os médicos milhões de dólares sabem que tirarão esse dinheiro da venda de seus medicamentos caros.
O Dr Prasad cita vários exemplos de como os conflitos de interesse financeiros de médicos, inclusive em posição de destaque, acabam por tornar rotineira uma prática que cria distorções na atividade médica. Aceitar pagamentos, presentes, jantares e viagens da indústria faramacêutica não podem ser consideradas atitudes normais para os médicos.

Fonte: https://www.statnews.com/2019/10/30/cancer-growing-in-cancer-medicine-pharma-money-doctors/




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